A discussão em torno da governança corporativa em empresas familiares tem assumido proporções cada vez mais relevantes em empreendimentos de pequeno e médio porte. E não é por acaso: o tema que há pouco tempo instigava apenas estudos acadêmicos relacionados à gestão e à administração de empresas constitui, atualmente, uma ferramenta imprescindível para a separação das esferas patrimoniais, familiares e empresariais de um negócio, familiar ou não, com o objetivo de sedimentar e perpetuar uma marca, empresa ou atividade em mercados altamente competitivos.
Nesse contexto, merece destaque, também, o papel exercido pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), um dos difusores e incentivadores das técnicas de governança corporativa no mercado brasileiro. Para o IBGC, governança corporativa quer dizer "o sistema pelo qual as organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre proprietários, conselho de administração, diretoria e órgãos de controle. As boas práticas de governança corporativa convertem princípios em recomendações objetivas, alinhando interesses com a finalidade de preservar e otimizar o valor da organização, facilitando seu acesso ao capital e contribuindo para a sua longevidade".
Um dos grandes desafios práticos que cerca o tema é o momento no qual as práticas de governança devem ser, de fato, apresentadas, compreendidas e aplicadas pelo empresário na gestão e desenvolvimento do seu negócio. E a dúvida faz todo sentido, já que nem todo o negócio está cronologicamente preparado para suportar as mudanças propostas pelas regras de governança.
O processo de implementação e transição pode ser desgastante e corrosivo para o relacionamento entre sócios, sendo, portanto, indispensável que o empreendedor se cerque de profissionais competentes e especializados, conhecedores do assunto e imbuídos do espírito de renovação, de modo a evitar que o receio inerente à sofisticação sobreponha-se ao ímpeto de continuar empreendendo e reinventando seu próprio negócio.