É muito comum as empresas iniciarem a elaboração de seus planejamentos estratégicos no segundo semestre do ano.
No entanto, existem estatísticas que demonstram que este grande esforço realizado pela empresa em elaborar planos estratégicos abrangentes servem apenas para deixá-los nas gavetas, guardados como um troféu, ou seja, uma grande carta de intenção sem intenção alguma.
Isto é no mínimo intrigante e levanta uma pergunta fundamental: por que tantas organizações investem tempo, recursos e energia em planejamentos apenas para não implementá-los efetivamente?
Nesta jornada de mais de 20 anos atuando com estratégias, já vi de tudo um pouco e procurei destacar aqui os principais fatores que levam as empresas a fazerem parte daquelas que deixam de lado seus planos.
Executivos literalmente “engolidos” pelas atividades operacionais
Uma das principais razões pelas quais os planejamentos frequentemente não são implementados é devido às atividades do dia a dia. A urgência constante das operações diárias muitas vezes desvia a atenção e os recursos necessários para a execução dos planos estratégicos. Quando a prioridade se volta para o imediatismo, os objetivos de longo prazo são deixados para segundo plano.
Falta de Propriedade e Responsabilidade
Um plano estratégico pode ser considerado uma criação coletiva, mas a falta de clareza sobre quem é responsável por sua implementação pode levar a um desinteresse geral. Quando a responsabilidade não é atribuída de maneira adequada, o plano se transforma em uma abstração sem uma figura chave para conduzir sua execução. É óbvio que o planejamento é da empresa e que, portanto, pelo menos todos os líderes devem se responsabilizar, se comprometer e estarem engajados na execução do plano estratégico.
Complexidade Sem Direção Clara
Às vezes, os planos estratégicos podem se tornar excessivamente complexos, que confundem mais do que esclarecem. Quando os colaboradores não conseguem entender a direção clara do plano, é difícil criar um senso de propósito e alinhamento necessários para a execução bem-sucedida.
Resistência à Mudança
Aqui a nossa velha e conhecida resistência que temos para mudança, ela está tão presente nas empresas que não temos a ideia de como surge e muitas vezes porque surge, o fato é que ela é desconfortável e simplesmente destrói boas ideias e até mesmo acaba com as estratégias de negócios que poderiam dar muito certo. Conheço empresas que foram dizimadas pela resistência em mudar, de pelo menos ter tentado algo diferente em seus negócios.
Se um plano estratégico exige mudanças significativas na cultura, processos ou estrutura organizacional, é provável que se depare com obstáculos internos que impedem sua implementação efetiva.
Falta de Comunicação Clara e Eficaz
Um dos motivos pela falta de engajamento da força de trabalho no planejamento estratégico está relacionado a falta de comunicação clara e eficaz, de forma que cada público entenda para onde e como a empresa está construindo o seu futuro.
Geralmente empresários e líderes tem em mente que é necessário comunicar todas as estratégias detalhadamente e isto assusta e inibe a comunicação, quando se deve, na verdade, é criar uma comunicação assertiva para todos os níveis da organização, e isto pode ser feito de diversas formas, basta criatividade e sensibilidade para entender o que realmente pode ser comunicado.
Ausência de Monitoramento Estruturado
Este aqui é um dos fatores que mais se observa em empresas que possuem planos estratégicos fracassados, a falta de monitoramento com objetivos, metas, prazos e responsáveis claramente definidos, além disso, com uma política de consequência discutida abertamente com os líderes das estratégias.
Todo plano estratégico está sujeito a correção de rotas, por isso sem monitoramento constante estas correções não são observadas e podem comprometer seriamente o futuro dos negócios.
O planejamento estratégico é um exercício importante para a empresa encontrar diferenciais competitivos em seus negócios, enxergar o futuro, se preparar para novos competidores, desenvolver seu processo de inovação e com isso construir valor, aumentando a longevidade da empresa.
Por: Rui Rocha